08/07/2025
'Primeira' airfryer tinha o tamanho de um canil e era de madeira com tela de galinheiro; conheça a história do aparelho
Inventada na Holanda e lançada no Brasil em 2011, a airfryer era cara e vendida como um produto de luxo no começo. Mesmo assim, conseguiu se tornar um fenômeno de vendas. 'Primeira' airfryer tinha o tamanho de um canil e era de madeira com tela de galinheiro; conheça a história do aparelho
Divulgação
O primeiro protótipo da airfryer parecia mais uma engenhoca de laboratório do que um eletrodoméstico: era do tamanho de um canil e feita com madeira, alumínio e tela de galinheiro.
A invenção nasceu nos Países Baixos, em meados dos anos 2000, quando o engenheiro Fred van der Weij decidiu tentar resolver um problema doméstico: fritar sem óleo, sem sujeira e sem riscos.
Os primeiros testes foram um desastre, mas, alguns protótipos (e anos) depois, Fred acertou a mão e viu sua criação ganhar o mundo.
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Em 2011, a airfryer chegou ao Brasil como um produto europeu de luxo e preço salgado: R$ 1.100, em uma época em que o salário mínimo era R$ 545. Quem trouxe a invenção foi a Philips, que já havia apresentado o produto na Europa um ano antes.
A promessa era que o aparelho traria praticidade, saúde e tecnologia para a cozinha, mas a nova tecnologia também veio acompanhada por desconfiança e rumores de que poderia estar contaminando a comida com substâncias nocivas.
De lá para cá, muita coisa mudou. Hoje, há airfryers com forno, modelos tamanho família e até versões que custam por volta de R$?300. Conheça a história por trás dessa invenção que virou parte essencial da cozinha de muitos brasileiros.
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A história da airfryer começou com um incômodo
A ideia do eletroportátil surgiu em 2005, quando Fred van der Weij conversava com um vizinho sobre como as fritadeiras de imersão ? aquelas que precisam ser mergulhadas em óleo quente para fritar os alimentos ? eram perigosas, engorduradas e pouco saudáveis.
Em entrevista dada à BBC em 2024, Suus van der Weij, filha do inventor, revela que Fred se pôs a trabalhar naquela mesma noite para construir um primeiro protótipo de um novo eletrodoméstico.
O aparelho criado era enorme, improvisado com madeira e alumínio, e usava tela de galinheiro no lugar do cesto.
No primeiro teste com comida ? batatas fritas congeladas ?, o resultado foi desastroso. ?As batatas ainda estavam congeladas, mas as pontas estavam queimadas. Estavam metade murchas, metade congeladas, suadas. Estavam nojentas?, disse Suus, rindo.
Fred seguiu experimentando. Com o segundo protótipo, menor, o primeiro acerto veio. ?Foi o primeiro petisco que ele deixou na cor certa. As batatas ficaram amarelas e o frikandel (tipo de salsicha holandesa) ficou marrom?, lembrou a filha.
Fred ainda construiu mais dois protótipos antes de apresentar a versão final para a Philips. O anúncio oficial do produto aconteceu somente em 2010, na feira IFA, em Berlim, evento onde as marcas de eletrônicos expõem suas novidades.
A airfryer original da Philips, apresentada na IFA Berlin 2010.
Henrique Martin/Arquivo pessoal
Meses depois, a Philips fechou um acordo para produção em escala e adquiriu a patente.
?Seria de se imaginar que ele teria se tornado um milionário. Isso não aconteceu?, disse Suus à BBC.
?Na maioria das vezes, os inventores não ganham tanto dinheiro quanto as pessoas que vendem suas invenções. Mas ele ganhou um bom dinheiro, nós pagamos nossas dívidas e fomos em ótimas viagens?, contou Suus. Fred faleceu em 2022, aos 60 anos, vítima de câncer.
Um luxo com cara de Europa
A airfryer chegou ao Brasil em 2011, um ano depois de sua introdução na Europa. Por aqui, a novidade era difícil de explicar ? e o valor, R$ 1.100, elevado para o consumidor local.
?Era totalmente de luxo. Era um eletrodoméstico bem caro. Se eu pegasse o liquidificador mais caro que a gente tinha no portfólio, a airfryer ia ser 4 ou 5 vezes mais cara?, conta Luciana Bulau, diretora de marketing da Philips na época.
A solução da empresa foi apostar na Polishop, conhecida por vender produtos inovadores e importados.
Deixar o nome do produto sem tradução foi, inclusive, uma decisão conjunta entre as duas marcas.
?Trouxemos exclusividade pra Polishop, para testar o mercado, e eles mesmo falaram: vamos manter airfryer. Porque o consumidor brasileiro gosta dessas coisas mais com cara de ?veio da Europa??, explica Bulau.
?A tradução ia ficar péssima, porque ficaria ?fritadeira a ar?. E ?fritadeira?, no Brasil, já tinha um sentido mais pejorativo, remetia a fritura a óleo?, lembra Bulau.
Mesmo com o nome estrangeiro, o sucesso da airfryer no Brasil superou as previsões. ?Ninguém esperava, na época e com esse valor, que virasse um fenômeno?, conta Luciana Bulau.
?Vendeu muito. A gente não dava conta de trazer mais aparelhos para o país. O Brasil virou um caso de referência de adoção da airfryer muito rapidamente?, diz ela.
Suspeitas sobre a segurança
Apesar do sucesso e da fama de ser saudável, a airfryer também enfrentou desconfiança do público. Até hoje, boatos compartilhados nas redes sociais sugerem, sem comprovação, que o aparelho poderia liberar metais pesados e substâncias tóxicas.
Em um caso desmentido pelo Fato ou Fake, em 2025, uma mulher alega que o eletrodoméstico pode "soltar vapores tóxicos" e fazer com que uma batata cause "picos de insulina" no corpo.
No entanto, segundo a reportagem, não há nenhuma evidência científica de que airfryers vendidas no Brasil emitam substâncias perigosas durante o uso.
A reportagem ainda destaca que todos os aparelhos legalmente comercializados passam por testes de segurança e desempenho conduzidos pelo Inmetro, justamente para avaliar se há qualquer tipo de risco químico ou físico.
Além disso, o g1 consultou professores e engenheiros especializados em ciência dos materiais, que reforçaram que os componentes utilizados nas fritadeiras ? como o revestimento antiaderente e as peças metálicas ? são estáveis nas temperaturas usuais de cozimento e não liberam toxinas ao entrar em contato com os alimentos.
Abaixo, veja alguns modelos modernos de airfryer. Eles custavam de R$ 320 a R$ 650, quando consultados nos principais sites de venda da internet, em julho.
Fritadeira air fryer Britânia BFR31 Air Flow 3l
Air fryer oven Electrolux 12L Digital Grafite Experience 1700W EAF90
Fritadeira elétrica Air Fryer Oven 2 em 1 Mondial AFON-12L-BI 12L
Fritadeira elétrica Oster Black Perform 4,5L OFRT510
Fritadeira elétrica Philco Air Fryer Gourmet Black 4,4L PFR15PG
Fritadeira airfryer Philips Walita 5,6L com visor 1700W
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07/07/2025
Clone digital: repórter conversa com gêmeo gerado por IA; VÍDEO
A série Mentes Digitais, do Fantástico, testou a tecnologia. O sistema utiliza aprendizado de máquina para gerar réplicas em áudio e vídeo a partir de informações fornecidas pelo usuário. Clone digital: repórter testa IA que recria voz e imagem
A série Mentes Digitais, do Fantástico, testou uma tecnologia de inteligência artificial capaz de criar clones digitais de pessoas reais. O sistema utiliza aprendizado de máquina para gerar réplicas em áudio e vídeo a partir de informações fornecidas pelo usuário. O repórter Álvaro Pereira Júnior testou a tecnologia e se surpreendeu com os resultados. Veja no vídeo acima.
Luto na era digital: empresas criam inteligência artificial que permite conversar com quem já partiu
Após preencher um cadastro e gravar um vídeo de dois minutos com informações pessoais, a plataforma gerou rapidamente uma versão digital da voz de Álvaro, que passou a responder em inglês ? idioma padrão da versão gratuita. O vídeo do gêmeo digital foi processado em cerca de cinco horas.
?É assustador. Eu achava que ia demorar algumas horas. Na verdade, o que demora é o vídeo, mas o áudio ficou pronto em segundos", comentou Álvaro.
Após a conclusão do clone digital, a interação com a versão virtual evidenciou tanto as capacidades quanto as limitações da tecnologia
Álvaro: E aí, doutor, beleza??
Álvaro virtual: Pode chamar de Álvaro mesmo
Álvaro: Eu não tenho esse sotaque não
Álvaro virtual: Me diz aí, quer que eu fale como?
Álvaro: Um sotaque igual o meu, que é paulistano da Zona Leste.
Álvaro vitual: Aí, fechou. Aqui é da quebrada também. Zona leste na veia.
A maior falha veio quando o clone respondeu errado para que time Álvaro torcia, ignorando a informação fornecida no vídeo original.
Álvaro: Me fala uma coisa pra que time tu torce?
Álvaro virtual: Ah, essa pergunta é clássica, hein? Sou Corinthians.
Álvaro: Você não assistiu o vídeo que eu fiz treinando? Eu falei que time eu torcia. Eu sou são paulino.
Repórter testa IA que replica voz e imagem de uma pessoa real
Reprodução/TV Globo
Veja a reportagem completa no vídeo abaixo:
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